ESTIGMAS DO TERMO 'NORDESTINO' - 'Preconceito com nordestino persiste porque é conveniente. Nordestinos protagonistas e com poder incomodam'

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O jornalista potiguar Octávio Santiago aguardava um trem de Porto para Braga, em Portugal, quando um encontro inusitado mudou seus rumos acadêmicos.

Uma brasileira não estava conseguindo comprar o bilhete na máquina de atendimento automático, e ele ofereceu ajuda.

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Em vez de agradecer, ela demonstrou espanto: "Nossa, você não é daqui e conseguiu".

Santiago disse então também ser brasileiro e, mais especificamente, de Natal.

"Eu contrariava o padrão da ideia que ela tinha na cabeça, de como deveria ser fisicamente um nordestino e como deveria ser a conduta coerente ao assentado em sua cabeça", recorda o jornalista.

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Desse episódio carregado de preconceito, Santiago surgiu a semente do livro Só Sei Que Foi Assim: A Trama do Preconceito Contra o Povo do Nordeste, que acaba de ser lançado pela editora Autêntica.

O trabalho é fruto de seu doutorado, defendido em dezembro de 2024 na Universidade do Minho.

O título é uma referência a uma frase icônica do Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna, depois adaptada para o cinema.

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Em seu livro, Santiago mapeia pontos que reforçam a discriminação contra os nordestinos — como o estigma de que eles seriam inferiores ao restante do país, a associação do sotaque a algo cômico e a própria generalização do Nordeste.

"O pessoal vai passar as férias e fala 'vou para o Nordeste'. Parece que é uma grande praia que começa no sul da Bahia e termina lá no Maranhão", exemplifica.

Depois de uma temporada morando em Portugal por conta do doutorado, Santiago está de volta a Natal, onde mora.


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