
A barba humana sempre foi alvo de julgamentos: ora admirada como símbolo de virilidade e estilo, ora vista com desconfiança quanto à higiene. Mas será que existe fundamento na afirmação – que volta e meia circula nas redes sociais – de que barbas abrigam mais micróbios do que tampas de privadas?
A resposta, segundo a ciência, é mais complexa do que o mito sugere.
O ecossistema do rosto
A pele humana é lar de bilhões de micro-organismos. Essa microbiota natural é composta, em sua maioria, por bactérias benéficas ou inofensivas, além de alguns fungos e vírus. A barba, por sua vez, oferece um ambiente particularmente favorável a essa vida microscópica: os fios aumentam a superfície de colonização e retêm umidade e secreções naturais da pele, o que facilita a multiplicação desses micro-organismos.
De acordo com estudos recentes, barbas sustentam uma população microbiana densa e diversa, mais do que outras partes expostas da pele. Mas isso não significa que sejam sujas ou comparáveis, em termos de risco à saúde, a uma privada.
De onde vem o mito?
A comparação entre barbas e privadas ganhou força após um estudo de 2015 conduzido por um laboratório de Albuquerque, nos Estados Unidos, que analisou amostras de barbas de voluntários. O laboratório concluiu que algumas amostras continham bactérias semelhantes às encontradas em banheiros – manchetes sensacionalistas rapidamente distorceram o achado, sugerindo que barbas eram “mais sujas do que privadas”.
Especialistas, no entanto, criticaram o estudo por sua pequena amostragem e metodologia não padronizada. Mais importante: o fato de haver micro-organismos semelhantes não significa que a barba seja um vetor de doenças, nem que haja risco maior à saúde.
Higiene é a chave
Segundo a microbiologista Primrose Freestone, autora do artigo publicado na The Conversation, não há evidência científica robusta de que barbas bem cuidadas sejam anti-higiênicas ou representem riscos à saúde pública. Pelo contrário: como qualquer parte do corpo, elas exigem cuidados básicos – limpeza regular com sabonete apropriado, hidratação e, para quem tem barba mais longa, escovação para evitar acúmulo de sujeira ou resíduos alimentares.
Barbas mal cuidadas, por outro lado, podem sim abrigar bactérias patogênicas, como Staphylococcus aureus – mas isso também vale para mãos, cabelos, celulares e outros itens de uso pessoal.
Conclusão
Apesar da má fama, barbas não são mais sujas que privadas – desde que recebam a atenção higiênica necessária. O mito persiste mais por questões culturais e preconceitos estéticos do que por comprovações científicas. Em vez de temer a barba, melhor é garantir que ela esteja limpa, saudável e bem cuidada. Afinal, o problema não é o pelo, mas a negligência com ele.
Fonte: noticiastudoaqui.com